11 de agosto de 2024
Desde os tempos mais antigos, os heróis sempre foram vistos como divindades, seres superiores marcados por inteligência e bravura que serviam de inspiração aos demais. Suas ações em um campo de batalha refletiam aquilo que todos gostariam de ser, mas que poucos alcançavam em sua jornada terrena.
Os Jogos Olímpicos da Antiguidade surgiram para homenagear o deus grego Zeus, mas em sua essência eram competições atléticas que promoviam a unidade grega por meio da valorização das virtudes dos competidores. Ou seja, as conquistas eram motivo de orgulho e de prestígio para os povos que vislumbravam o caráter heroico dos atletas que tão bem representavam suas cidades.
Em outras palavras, o heroísmo sempre fez parte dos Jogos Olímpicos, portanto é inegável a importância de cada atleta que nos representou em Paris. Assim como os heróis da antiguidade, nossos atletas olímpicos são símbolos de coragem e excelência no esporte.
Como um torcedor que fica com o coração disparado a cada competição e chora ao ouvir o hino após uma medalha de ouro, não posso deixar de agradecer, mil vezes se for necessário, todos os brasileiros e brasileiras que, durante duas semanas, vestiram nossas cores com tanta dignidade. Homens e mulheres do esporte que competiram com muita garra, entregando sangue, suor e lágrimas na busca pela medalha, objeto de ambição que jamais será apenas uma peça de metal.
As medalhas significam a unidade do povo brasileiro refletida no heroísmo dos atletas.
São eles que representam nossas cores, mostrando ao mundo que são capazes de fazer aquilo que nós, mortais, jamais conseguiremos. Eles são brasileiros como nós, porém são pessoas extraordinárias que conquistam o impossível. Seres notáveis que enfrentam as mais diversas adversidades para alcançar o topo do mundo, ainda que representem um país em que não há qualquer incentivo ao esporte.
Ao contrário, há quem diga que os atletas são pessoas comuns e que são erroneamente supervalorizados por fazerem o que em tese qualquer pessoa seria capaz. Ledo engano: pessoas comuns jamais alcançariam as conquistas dos atletas olímpicos.
Por esse motivo, ao fim de cada ciclo reacende o sonho de que o esporte olímpico brasileiro passe a ser valorizado como merece, para que haja cada vez mais Rebecas, Bias, Rayssas, Isaquias e Medinas.
Esses brasileiros extraordinários devem ser exemplos de resiliência e plantar em nós o espírito olímpico que nos impulsiona a superar os nossos limites em busca de sonhos e realizações pessoais. Eles não são apenas atletas; são exemplos para todos nós… e triste é a vida daqueles brasileiros que não são capazes de reconhecer as virtudes de um medalhista.
Infelizmente ainda há muito o que se fazer para que os heróis que alcançaram o Olímpio com as nossas cores também sejam reconhecidos por seus pares a cada conquista, seja ela no mais singelo dos esportes individuais ao mais competitivo dos esportes coletivos.
A verdade é que os esportistas brasileiros, ainda que desvalorizados pelos próprios compatriotas, são heróis reconhecidos mundialmente por seus feitos. Afinal, dentre os milhões de praticantes das diversas modalidades em disputa, apenas três são elevados ao templo máximo do esporte olímpico. A coroação com a medalha apenas reforça, para quem quer que seja, que um atleta olímpico jamais poderá ser comparado a qualquer outro ser humano. Não porque são mais importantes, mas por conseguirem aquilo que nós, como reles mortais, podemos praticar e buscar diariamente que mesmo assim jamais seremos capazes de conquistar.
Sendo assim, Paris não será esquecida por todos aqueles que competiram com os melhores do mundo em busca da glória eterna. A cidade-luz, que brilhou como nunca para iluminar a aura das centenas de medalhistas que marcaram seu nome na história, nos ensinou mais uma vez que devemos ser capazes, sem qualquer tipo de questionamento ou dúvida, de reverenciar aqueles que tão bem nos representa, tal como a maior ginasta da história fez pela maior medalhista brasileira em Jogos Olímpicos.
As conquistas virtuosas dos nossos medalhistas serão motivos de muito orgulho e gratidão por toda a eternidade, afinal, se os heróis da antiguidade eram seres superiores comparados às divindades, os medalhistas são heróis dos tempos modernos que mantém acesa a eterna chama do espírito olímpico, representando a unidade entre os povos e a eterna capacidade de superação que deve habitar em cada um de nós.
E se isso tudo não for suficiente para demonstrar a minha gratidão, que seja reforçada em mais cinco palavras: muito obrigado atletas olímpicos brasileiros!
Espírito Santo do Pinhal, 11 de agosto 2024.